quinta-feira, 17 de março de 2016

segunda-feira, 14 de março de 2016

"Podia ver a estrada a minha frente.


(...) Eu era pobre e ficaria pobre. Mas eu não queria particularmente dinheiro. Eu sequer sabia o que desejava. Sim, eu sabia. Eu queria algum lugar para me esconder, um lugar em que ninguém tivesse que fazer nada. O pensamento de ser alguém na vida não apenas me apavorava mas também me deixava enjoado. Pensar em ser um advogado ou um professor, ou um engenheiro, qualquer coisa desse tipo, parecia-me impossível. Casar, ter filhos, ficar preso a uma estrutura familiar. Ir e retornar de um local de trabalho todos os dias. Era impossível. Fazer coisas, coisas simples, participar de piqueniques em família, festas de Natal, 4 de julho, Dia do Trabalho, Dia das Mães… afinal, é para isso que nasce um homem, para enfrentar essas coisas até o dia da sua morte? Preferia ser um lavador de pratos, retornar para a solidão de um cubículo e beber até dormir."

terça-feira, 8 de março de 2016

Não me dê flores, me dê respeito!


"Cansei de ser rotulada. De ser dama, menina direita, moça de família. Cansei dos espantos quando digo que gosto de cerveja ou que não sei cozinhar. Mas, principalmente, dos absurdos que eu ouço quando descobrem que não quero casar ou ter filhos. 
Cansei de não saber dirigir, de gostar de rosa e de ser loira burra. De insinuarem que meu sucesso profissional está associado à minha beleza – ou à falta dela. Cansei de ser fofoqueira, consumista, dominar tarefas domésticas e não entender de futebol. De ser ridicularizada porque namoro um cara mais baixo que eu. De ter que ser vaidosa e não poder rachar a conta. Ah, e também estou farta de ser julgada em qual categoria me enquadro, no de mulheres “pra namorar”, “pra ficar” ou “só pra comer”. Com que direito instituem esse júri popular? 
Cansei de ser puta. De não poder tomar a iniciativa quando estou interessada em alguém e nunca – jamais – poder transar de primeira. É coisa de vagabunda oferecida, afinal. Cansei de ser humilhada, envergonhada e destruída a cada vez que tenho cenas íntimas expostas. De ser a “safada” e “vadia” que estava fazendo sexo, enquanto o meu parceiro passa por despercebido – afinal, ele nunca será o vadio que se deixou filmar. E, em hipótese alguma, será questionado o seu caráter ao compartilhar um momento a dois. Cansei de me dar o respeito. De não poder me masturbar ou sentir tesão. Cansei de me dar valor, quando ele está na medida do tamanho da minha roupa. Cansei de não poder sair sozinha ou dançar à vontade, sem que alguém me olhe e diga: “Essa aí tá pedindo.” 
Cansei de carregar a culpa. De não poder abortar. De ser abandonada e negligenciada em uma gravidez indesejada. E, ainda assim, ser olhada com desprezo quando carrego uma camisinha na bolsa. Ando exausta de ser autora das provocações sempre que sou abusada, seja numa rua escura ou dentro da minha casa, pelo meu tio ou padrasto. Cansei de gostar de apanhar. Queria, ao menos por uma vez, ser vítima da violência doméstica por falta de informação, de coragem pra denunciar, de independência, de estrutura emocional pra enfrentar a situação ou simplesmente por medo. 
Cansei de ser submissa. De ver meu corpo vendido em comerciais de TV. De namorados que querem me dizer o que vestir, quais lugares frequentar e como me comportar. De pedir permissão ao marido para cortar o cabelo. Da vizinha que me censura quando chego em casa com um paquera diferente, porque vou “ficar falada”. Cansei de servir e obedecer. Cansei da sabatina insistente sobre o que eu posso e o que eu devo. 
Cansei dos pequenos assédios que passam despercebidos porque aprendemos a trata­-los como normais. Cansei do instrutor da academia que alisa a minha perna, do colega de trabalho que aperta minha cintura, do estranho no ônibus que se esfrega em mim e do desconhecido que tenta me beijar à força num show. Estou exausta de andar às ruas sob chuvas de “fiu­fiu”. Os “bom dia, linda” já ferem meus ouvidos tanto quanto os “chupa aqui meu pau, gostosa”. E até mesmo os olhares indiscretos, que me fazem sentir um pedaço de carne no açougue, já são o bastante pra me desestabilizar. Meu espelho é testemunha de quantas vezes já troquei de roupa movida pelo desejo de me camuflar à atenção masculina, na tentativa frustrada de evitar essas situações. Meus pés estão calejados de tantas vezes que atravessei a rua fugindo delas. Estou cansada de sentir medo.
Cansei também de felicitações. De mensagens vazias a cada 8 de março. Eu não quero um dia feliz. Nem mesmo um mês dedicado a mim. Eu quero uma vida inteira com dignidade, coisa que Bibi, Fran, Somali, Júlia, Eliza, Maria, Samara, Carmen, Jyoti, Eloá e tantas outras não puderam ter. Eu quero descanso. "

segunda-feira, 7 de março de 2016

"Todos procuramos por respostas na medicina, na vida, em tudo.


(...) Às vezes, as respostas que procuramos estavam escondidas abaixo da superfície. Em outros momentos, encontramos respostas quando nem sabíamos que estávamos fazendo pergunta. Às vezes, as respostas podem nos pegar de surpresa. E às vezes, mesmo que encontremos, a resposta que procurávamos ainda ficamos com uma porção de perguntas."

domingo, 6 de março de 2016

"Não podemos dizer que não fomos avisados,


(...) todos conhecemos os ditados, ouvimos os filósofos. Ouvimos os avisos de nossos avôs sobre o tempo perdido, ouvimos os malditos poetas nos mandando aproveitar ao máximo. Mas ainda sim, ás vezes nós pagamos pra ver."

sábado, 5 de março de 2016

"Nem sempre é fácil distinguir mocinhos de bandidos.


(...) Pecadores podem te surpreender. E o mesmo se aplica a santos. Por que tentamos definir as pessoas simplesmente como boas ou más? Porque ninguém quer admitir que a compaixão e a crueldade podem viver lado a lado em um só coração. E que qualquer um é capaz de qualquer coisa.