
(...) Depois de uma pilha de relacionamentos  frustrados, e mais uma fila, de gente arrependida, eu não sou  categorizada como mulher pra namorar. E não, não fico triste. Até abro  um sorriso. Não sou mulher pra namorar. E o maior problema nisso tudo:  sou mulher pra casar! É isso mesmo. Todos querem me congelar. Pensam em  me guardar num potinho; quem sabe pra daqui uns anos, ou algum dia,  quando a tão falada estabilidade financeira chegar. Depois que dou as  costas, acabam se tocando que como eu, mais nenhuma. Poucas, quem sabe. E  vão penar até encontrar.
Existe uma diferença, mesmo que sutil,  entre mulheres namoráveis e musas pra uma vida inteira. E as declarações  póstumo-amorosas que escuto dos coitados que não aproveitaram a chance  maravilhosa que era me ter ao lado, e não souberam aproveitar, reforçam  ainda mais o coro. Ficam no pé por dias. Alguns, estão implorando à  meses. Pode demorar, mas voltam. Sempre, sempre. Isso, se você for  menina de véu e grinalda, que se sonha em deitar sob a grama e olhar as  estrelas. Se não, desculpa, mas você fica na categoria de temporárias.  Uma pena.
Mulher pra casar é aquela que sai com os pés firmes, e sabe  o caminho de volta. Consegue adequar sua vida, com ou sem um cara. A  sonhadora de tempo-curto, coloca outro, ou até mesmo, no plural, no  lugar. E ainda assim, não é feliz, se embola ainda mais em encontros  mornos, amores requentados e chances boas desaproveitadas. A futura  casada chora tudo que tem pra chorar num dia, ou no máximo dois. Fala o  que tem a dizer, e escuta de pé o que não precisaria ouvir. E ainda  assim, mantém a sua integridade, e caminha sorrindo, sabendo que a vida  pode lhe reservar surpresas mil, quem sabe na próxima porta. Ou janela. A  apenas-namorável não diz o que pensa, muito menos o que sente. E  continua a procurar o mal-feitor, aquele que já está em outra, e nem aí.  Fingindo ser superior, e não notando, o quão ridícula pode soar, com  todo o seu teatro. Realmente, uma comédia. Casável, e sua vida própria;  namoradinha, e largo tudo pra te ver. Agorinha. Na mão, quando quer. Uma  desvalorização que beira ser pior que a Bolsa de Valores.
Mulher pra  casar mantém intactas as suas prioridades, e mais: seus gostos. Não é  porque o rapaz curte um pagode, que ela larga o seu bom e velho rock de  lado. Continua pintando as unhas de cores experimentais. Não afoga seu  estilo moderno, porque ele é conservador. Faz mais do que isso: consegue  a façanha de o fazer amar tudo isso. Ela encanta. E o deixa também  encantado. Sabe se adequar às diferenças, e que além de tudo, dão cor  aos (bons) relacionamentos. Ele não se sente preso. E sim, quer prender  essa criatura encantadora a qualquer custo. Não pode, e nem quer, deixar  pra mais ninguém. Pena que, se dêem conta disso somente depois de  algumas pisadas na bola; e a guria já longe, alheia. Distante. A menina  para namorar, não. Finge gostar do que detesta, e vai além com seu  script: gosta de tudo o que o cara gosta. Tudinho. Pra estar grudada,  enclausurada, unida nele. E não percebe, que se mantém cada vez mais  longe, é do coração que queria atingir. Qualquer coisa está boa. E é  assim que ele a vê: qualquer coisinha. Aperitivo.
Mulher pra casar, e  seu jeito único. Garota de namoro, e a atitude que tantas tiveram. Seu  tempo, ruindo com o vento. Ampulheta baixando, e tic-tac: hora de dar  tchau, sábios Teletubies.
Quase-noiva e amor com sexo; namorada, e  sexo sem amor. Tesão, apenas. Válvula de escape. Mulher pra casar, e  nenhuma preocupação em agradar; menina da vez, e apenas porque era o  momento DELE de dar um tempo das festas, e parar. E surpresa: você  estava ali, sem nada melhor. Ele também, acredite. Casável, e sua marca  registrada. Eterna. Namorável, e uma a mais na lista. Temporária. Aquela  que se sonha em ver rodeada de filhos, e pilotando um fogão, e não tem  nenhuma vontade disso. E sim desejo de viajar, construir carreira, e  pular de para-quedas. Essa, pra one night stand, e vê-la nua. Quem sabe,  por mais alguns dias. E ela que abandone os planos pra essa noite, pra  quando o boy quiser. Um grande diferencial: uma tem metas, sonhos e  delírios, além de um homem. A outra, deixa tudo de lado, por uma pessoa  de carne e osso, como ela. Vida própria, não existe. E amor próprio,  menos ainda. Amigas, adeus. Colégio, de mal a pior. E o que ela ganha, é  apenas estabilidade (com tempo marcado) e segurança. Uns chifres na  cabeça, que a sociedade é ainda muito machista e hipócrita. Tradução:  tédio e enganação. Os homens escolhem quem vão namorar, mas na maioria  das vezes, não tem o mesmo poder sob quem os faz comprar uma aliança  para dois. O coração, e a vontade de ter ao lado deles alguém livre,  independente e equilibrada, somada ao amor por uma criatura singular e  diferente, é o que dá liga. É o que embarca os sonhos. Fazer outra  pessoa ter vontade, e não, ser pego pela barriga ou pelas circustâncias  (leia-se: gravidez ou comida, tudo aqui vale).
Depois da centésima  decepção, e a volta de mais um ex-qualquer-coisa, é o que concluo.  Acreditem: tenho mais de quatro no pé, ou melhor, nas mãos. E tão fugaz e  excêntrica, não quero nenhum deles. O timer já tocou faz tempo, i'm  sorry. É isso, entendi sim."