
(...) porque eu pensara até então que, de certa forma,  toda minha evolução conduzira lentamente a uma espécie de  não-precisar-de-ninguém. Até então aceitara todas as ausências e dizia  muitas vezes para os outros que me sentia um pouco como um álbum de  retratos. Carregava centenas de fotografias amarelecidas em páginas que  folheava detidamente durante a insônia e dentro dos ônibus olhando pelas  janelas e nos elevadores de edifícios altos e em todos os lugares onde  de repente ficava sozinho comigo mesmo. Virava as páginas lentamente, há  muito tempo antes, e não me surpreendia nem me atemorizava pensar que  muito tempo depois estaria da mesma forma de mãos dadas com um outro eu  amortecido — da mesma forma — revendo antigas fotografias. Mas o que me  doía, agora, era um passado próximo. "
 
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