domingo, 27 de dezembro de 2009

"Toda despedida é dor... tão doce todavia, que eu te diria boa noite até que amanhecesse o dia..."

Estalo


Ontem ouvi que eu era uma pessoa difícil!
Derepente um estalo, um clarão me cegou os olhos
Me amem, ou me odeiem..minha filosofia constante
Extremismo, bipolaridade... Como será ser normal?
Às vezes não sei bem quem sou. O doce Anjo ou o fugaz errante?
Confundo-me entre declarações e insultos
Entre certezas e dúvidas
Sou a palavra doce para uns
E a música triste para outros
Às vezes eu nem sei se sou real.
Não sei se o erro está em mim ou no mundo...é muito confuso!
A proximidade às vezes me incomoda, mais a distância me assusta.
Os sentimentos me martirizam, mais a ausência deles me anula.
Em momentos sentir me faz falta.
Apaixonante ou decepcionante? Depende de como você me vê
Dependo de em que momento você me vê.
Sou uma mistura de incerteza e convicção... Instabilidade.
Ontem estava apaixonada, amanhã?
Por favor, alguém se lembra do ultimo capitulo da novela?
Peraí! Eu nem assistia novela!
Minhas certezas são certezas diferentes a cada dia.
Hoje sou um vulcão prestes a explodir
Talvez eu acorde flor amanhã...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Deficiências



Deficiente é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
Louco é quem não procura ser feliz com o que possui.
Cego é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
Surdo é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
Mudo é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
Paralítico é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
Diabético é quem não consegue ser doce.
Anão é quem não sabe deixar o amor crescer.
E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
Miseráveis são todos que não conseguem falar com Deus.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O macaco e a macaca discutem...

"Sentados num galho de árvore, o macaco e a macaca contemplavam o pôr-do-sol. Em determinado momento, ela perguntou:

-O que faz com que o céu mude de cor, na hora que o sol atinge o horizonte??

-Se quisermos explicar tudo, deixamos de viver?, respondeu o macaco.
Fique quieta, vamos deixar o nosso coração alegre com este entardecer romântico?

A macaca enfureceu-se.

-Você é primitivo e supersticioso. Já não dá mais atenção à lógica, e só quer saber é de aproveitar a vida?

Neste momento, passava uma centopéia.

- Centopéia! - gritou o macaco - Como é que você faz para mover tantas patas em perfeita harmonia??

- Nunca pensei nisso!? - foi a resposta.

- Então pense! Minha mulher gostaria de uma explicação!?

A centopéia olhou para suas patas, e começou:

- Bem... eu flexiono este músculo? Não, não é bem isso, eu tenho que jogar o meu corpo por aqui??

Durante meia-hora, tentou explicar como movia suas patas, e, à medida que tentava, ia confundindo-se cada vez mais. Quando quis continuar seu caminho, já não podia mais andar.

- Está vendo o que você fez?? - gritou desesperada. - Na ânsia de descobrir como funciono, perdi os movimentos!?

- Está vendo o que acontece com quem deseja explicar tudo?? - disse o macaco, voltando a assistir o pôr-do-sol em silêncio."



terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Jogue os dados!


"Eu andei jogando. Apostei todas as minhas fichas e no final perdi todas. Talvez eu devesse mesmo ter sido mais precavida, quem sabe até ter montado uma estratégia analisando melhor os adversários... Talvez não. Eu perdi as fichas. As fichas se foram dando espaço para a experiência para algum tipo de orgulho. Não desejo voltar atrás... Não mesmo! Terei mais audácia na próxima rodada. E sinceramente não acredito que as regras façam diferença agora. Deixarei de estudá-las sendo assim. Nesse jogo esqueça a sorte, o que vale é o objetivo e a convicção dos próximos passos. Te envolva e não te arrependas. Segure firme esses dados é a tua vez..."

terça-feira, 24 de novembro de 2009

É preciso...


O que é preciso é entender a solidão!
O que é preciso é aceitar, mesmo, a onda amarga que leva os mortos.
O que é preciso é esperar pela estrela que ainda não está completa.
O que é preciso é que os olhos sejam cristal sem névoa, e os lábios de ouro puro.
O que é preciso é que a alma vá e venha; e ouça a notícia do tempo, e entre os assombros da vida e da morte, estenda suas diáfanas asas, isenta por igual.
De desejo e de desespero.

Cecília Meireles (1954)
Fotografia: http://www.flickr.com/photos/idsingular/

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

...

"Descubro com melancolia que meu egoismo não é tão grande assim. Pois dei ao outro o poder de me magoar. Foi com carinho que lhe dei esse poder e é com melancolia que vejo usá-lo."

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Eu Sei, Mas Não Devia - Marina Colasanti


Eu sei que a gente se acostuma... Mas não devia,
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos. E não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, o ar e a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo de viagem... A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia...
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir ao telefone: "Hoje não posso ir". A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava ser visto...
A gente se acostuma à poluição: às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro; à luz artificial de ligeiro tremor; ao choque que os olhos levam na luz natural; às bactérias da água potável; à contaminação da água do mar; à lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir os passarinhos; a não ter galo de madrugada; a temer a hidrofobia, os cães; a não colher fruto no pé; a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deve e de que necessita. A lutar por ganhar o dinheiro com que paga e pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho para ganhar mais dinheiro para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma... A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
A gente se acostuma para poupar a vida, que aos poucos se gasta e que se gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma...