terça-feira, 30 de março de 2010

Sumi

“Sumi porque só faço besteira em sua presença.
Fico muda quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro antes, durante e depois de te encontrar.
Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar.
Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico.
Sumi porque sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência.
Pareço desinteressada, mas sumi para estar para sempre do seu lado.
A saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida permanência.”

"Concedei-me Senhor, a
Serenidade
para aceitar as coisas
que não posso modificar,
Coragem
para modificar aquelas
que posso, e
Sabedoria
para distinguir a diferença."



Esta oração é amplamente conhecida por creio que todos. Ela nos faz refletir sobre o quão pequenos somos diante da vontade de Deus e o quão grandes somos perante aquilo que podemos mudar, mas que muitas vezes nos acomodamos por medo, por preguiça, por falta de conhecimento e etc.

Muitas vezez devemos deixar o que não podemos mudar a vontade de nosso Criador - Deus para que Ele, com o tempo, faça aflorar resultados e, em outras vezes devemos nos esforçar para mudar o que deve ser mudado, só bastando um pouco de atitude.

Atitude é uma palavra que tem a ver com ação, pois resulta do fato de agir e para que haja ação é preciso ter uma força agente senão, não há ação, mas sim estagnação.

Ficamos estagnados quando ficamos confusos, meio que envoltos num labirinto de perguntas sem respostas. Não paramos para pensar, refletir sobre qual atitude certa deverá ser tomada e a única coisa que fazemos é trocar os pés pelas mãos.

Daí ponhamos a serenidade em ação, para resolver o que tem de ser resolvido e deixar ao encargo de Deus o que não podemos resolver, pois está fora de nosso alcance.

É difícil, mas com o tempo a gente aprende.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Fugas


"Algumas pessoas, podem dar um passo para trás e descobrirem que estavam olhando a mesma cena por todo o tempo. Algumas pessoas podem ver, que suas mentiras quase acabaram com elas. Algumas pessoas podem ver o que estava na sua frente o tempo todo. E ainda há aquelas pessoas, que correm o máximo que podem para não terem que olhar para si mesmas."
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia; e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre, à margem de nós mesmos..."

domingo, 28 de março de 2010

Definitivo.


Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento,perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...

sábado, 27 de março de 2010

A Alegria na Tristeza


O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la. Pode parecer confuso mas é um alento.
Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir. Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.Sentir é um retiro, fazer é uma festa.
O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais.
Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada.
Triste é não sentir nada!

(Martha Medeiros)

"Até bem pouco tempo atrás, poderíamos mudar o mundo,

(...) quem roubou nossa coragem?
Tudo é dor, e toda dor vem do desejo, de não sentimos dor..."


segunda-feira, 15 de março de 2010

Muitas chances numa única chance!


"Qualquer coisa que estraga em sua casa, minha mãe chama o Leonel.
Telhados, ar condicionado, piso, rachaduras, ventiladores de teto.
Ele mora na mesma quadra e nunca demora a vir.
Enquanto cimentava a escada do pátio, Leonel levantava altivamente o rosto quando provocava a figura materna. Atento, gargalhava a cada disparo de afeto.
Ao guardar a pá e o carrinho de mão, confessou:
- Minha mãe morreu quando nasci. Vejo vocês e tenho saudade da saudade.
Partilho semelhante inveja.
Quando vou sozinho a um restaurante, não canso de espiar as conversas de casais.
Eu me interesso pelos assuntos mais frívolos.
Ponho a mão no queixo, o guardanapo nos joelhos e admiro o espetáculo da intimidade.
O amor que pode ser amor ali, acontecendo em minha frente entre descrições de trabalho e confissões de meio-dia. O amor ali, camuflado e prosaico,
mas devidamente forte para atravessar a morte e prometer vida eterna
mesmo que não tenha eternidade depois.
Mesmo que um dos dois sequer acredite em Deus.
Há gente que faz o contrário de Leonel. Mata o amor no momento em que ele nasce.
Pois não pensem que todos querem um amor grande. Reclamam, mas não querem.
Há gente que diminui o amor de propósito para não sofrer com ele.
Elabora uma versão para provar que ele não existiu.
Deixam o amor escapar, sumir, desaparecer para não se atrapalhar.
Há gente que até se convence que aquele amor grande não era devidamente grande.
Há gente que pede um amor pequeno, doméstico, que não desestruture seus hábitos.
Um amor anão de jardim, um amor de balcão, de pé, rápido.
Um amor minúsculo, sem acento, que não rivalize o amor próprio.
Que esteja próximo mas não fale alto, que esteja perto mas não influencie,
que seja chamado quando se tem vontade e seja desfeito quando não serve mais.
O amor grande não traz uma felicidade constante - é a principal cilada -,
traz uma felicidade irregular, intensa, atávica, que voa muito mais alto do que o conforto.
Na estabilidade, é fácil sair da felicidade e da tristeza.
No amor, descobrimos o quanto podemos ser felizes,
e incomoda ter que buscar mais felicidade.
Descobrimos o quanto podemos também ser tristes,
e incomoda que não sairemos da tristeza sem que o amor volte.
Há gente que não tem esperança para se arrepender.
Que sente ciúme de não ter sido assim antes e não se permite não ser mais como antes.
Que vai terminar o amor para não se mostrar incompetente.
Que prefere adiar o julgamento a se abrir para a verdade.
Que não perdoa no momento de se perdoar.
Um amor miúdo vai ao psiquiatra de manhã e termina a relação de noite.
O amor grande termina com psiquiatra de manhã e se reconcilia à noite.
Porque o amor grande é uma insanidade lúcida, nem os melhores amigos entendem,
é detratar e se retratar com mais freqüência do que se gostaria.
Amor é o excesso de responsabilidade, de encargo, confiado a quem nos acompanha.
Oferecemos o que não conseguimos alcançar.
Sempre seremos menores do que ele, já que é o único que cresce na extinção.
Minha mãe costuma dizer que casamos quando encontramos uma solidão maior do que a nossa - só assim saímos da própria solidão.
Há gente, sim, que muda de amor para não mudar de opinião,
que muda de homem para não mudar sua rotina,
que manda onde não vigora poder e dominação.
Que culpa o amor por não dar conta dele, que ama já pedindo desculpa por não amar.
O amor grande não é um grande amor.
Há gente, eu conheço, que desperdiça a chance do amor grande
porque há apenas uma chance para amar grande.
Muitas chances dentro de uma chance.
O resto são disfarces, suturas, apoios. Amor grande seria insuportável duas vezes nesta vida.
Ou a gente se apequena para receber esse amor
ou permanece se engrandecendo para não aceitá-lo."




Não resisti a este texto e roubei do Blog da Adélia!
Visitem: www.respingosadelia.blogspot.com

sábado, 6 de março de 2010


"...Se você quer que eu feche os olhos pra alguém que foi viver algum dia lá fora. E nesse dia se o mundo acabar não vou ligar praquilo que não fiz.
Faz muito pouco tempo aprendi a aceitar quem é dono da verdade não é dono de ninguém. Só não se esqueça que atráz do veneno das palavras resta só o desespero de ver tudo mudar. Talvez até porque ninguem mude por você..."