segunda-feira, 7 de novembro de 2011

“Ontem, caminhando pela beira do rio, eu pensei que,


(...) se desse dois passos e um impulso no corpo, em breve tudo estaria terminado. Olhei para a rua também, e aquelas automóveis que passavam zunindo ofereciam uma morte fácil e rápida. Aqui no meu quarto também existem coisas que podem matar — a lâmina no aparelho de barbear, a própria janela de que gosto tanto. No quarto de meus pais há o revólver na gaveta, o vidro de comprimidos para dormir. Na cozinha, gás. No banheiro, aqueles vidros escuros de veneno. É fácil morrer. A toda hora, em todos os lugares, a morte está se oferecendo. Mais difícil é continuar vivendo. Eu continuo. Não sei se gosto, mas tenho uma curiosidade imensa pelo que vai me acontecer, pelas pessoas que vou conhecer, por tudo que vou dizer e fazer e ainda não sei o que será. Ontem, foi com dificuldade que consegui sair de perto do rio. Hoje parece impossível que eu tenha pensado aquilo.”

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