segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Crônica para mulheres solteiras e bem resolvidas.



"A partir dos trinta anos, desabituamo-nos de olhar para as pessoas que se cruzam conosco. Como se disséssemos: inscrições fechadas. Na infância, bastava um miúdo gostar do mesmo bolo que nós para lhe perguntarmos: ‘Queres ser o meu melhor amigo?’. Depois deixa de haver o melhor – entramos na idade das equivalências.”


Não costumo deixar as pessoas chegarem muito perto. E isso não é resultado de relacionamentos que não vingaram. É meu jeito. Desengonçado. Bicho do mato. Não cheguei nos 30, mas sempre fui assim, “inscrições fechadas”. Não sei porque. Em parte, confesso que sei. Acho que a gente tem o direito de poder sentir atração, tesão (ou chame como quiser) por quem tenta chegar perto. E se não sentir, tchau. Não existe nada mais escroto do que se forçar a sentir tesão por alguém. Do que ficar examinando a pessoa na tentativa de achar algo passível de admiração. Bah, não dá. Desculpa, mas não dá meissshhmo. Esse papo de que a mulherada é muito seletiva tem base nisso. Homem topa qualquer parada, mulher, no geral, não. Como disse o Renato Russo muy sabiamente naquela música “eu posso estar sozinho, mas eu sei muito bem aonde estou!”. Se o que chega perto me atrai, ótimo, vou tentar. Senão, não. Simples. Já passei da fase de procurar qualidades: o essencial tem que saltar aos meus olhos! Semana retrasada fui pra (cof cof cof) balada, coisa que não fazia há seculosss. Que selva! Se você cruza o olhar com alguém -por engano, por descuido- a pessoa já acha “ta me querendo, só pode!”. Oi?? Cadê o semancol, a educação, o tato? Não há. Essa pressa, essa agorafobia que rola na noite me deprime. É um tesão forçado, um medo de voltar pra casa só, um pânico da opinião dos amigos. E assim as pessoas vão passando por cima do que sentem, traindo seus valores e aumentando aquele vazio que ninguém preenche. Se as pessoas chegassem perto pelos motivos certos, seria tão bom. Mas é aquela aproximação tá-ficando-tarde-não-posso-ficar-no-zero-a-zero-de-jeito-nenhum. É isso? Então BYE. Comigo funciona assim. Inscrições abertas para pessoas irresistíveis (aquelas que nos atraem como ímãs, que têm um tipo de poder divino sobre nós). Inscrições fechadas para pessoas que não me atraem. Sem ressentimentos, mas não sou obrigada. Aliás, ninguém é. Assim como aprendemos a entender e aceitar quando não nos querem, o resto do mundo deveria fazer o mesmo. Right??

Um comentário:

  1. Vanessa, tem que ter a tal química, rolar...gosto muito de uma crônica do Jabour que ele diz que se o beijo não bate...não insista. Olha que esse ano faço 30, vou casar. Mas antes disso tinha estes sentimentos de que nos tratam às vezes como descartáveis, e pra quem pensava assim eu sempre estava com as inscrições fechadas. rsrsrsrs.bjuss :****

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